segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Felicidade!







Não serei o poeta de um mundo caduco.


Não escreverei versos chorosos, cantando tristezas infinitas, 
amores impossíveis, saudades dolorosas, 
paixões trágicas e não correspondidas. 


Tenho a vocação para a felicidade. 
Ser feliz não me traz sentimento de culpa. 
Não preciso da tristeza para justificar a inutilidade da vida. 
Não preciso morrer e ir ao céu para encontrar a felicidade. 
Quero-a e tenho-a neste espaço terreno do aqui e do agora. 


A felicidade, tal e qual o amor, está dentro de mim 
E transborda em ternuras, em melodias, 
em carinhos, em alegrias, em cantos e encantos. 


Sou feliz e não preciso me justificar. 
Sorrio sem ver passarinho verde. 
Não tenho medo de ser feliz. 


Faço minha estrela brilhar. 
Sem receio dos encontros, desencontros, 
encantos e desencantos que o amor me diz. 


Contrariedades? Eu as tenho. 
E quem não as tem na vida secular ? 
Escassez de dinheiro? Nem é bom falar 
Amores não correspondidos? Separações? 
Rejeições? Saudades incuráveis? 
Carinhos reprimidos, ternuras guardadas, 
sem a contra parte do outro? 
Eu tenho aos montões. 
Sou a rainha das perdas, necessárias ao meu crescimento. 


Contudo quem não soube a sombra não sabe a luz. 
E num livro de matemática existencial 
juntei todos esses problemas insolúveis, 
com as respostas nas últimas páginas. 
Mas pra que me debruçar 
sobre eles, procurando a solução 
se a própria vida me conduz 
a resposta final? 


Sem medo de ser feliz vou por aqui e por ali 
por onde os caminhos, as trilhas, 
Os atalhos me levarem, traçando meu rumo. 
Às vezes com alguma tristeza, 
mas quem disse que felicidade 
é o contrário de tristeza? 
Tristeza é só uma momentânea falta de alegria! 


É, amigo, amanhã é sempre um novo dia 
E quando a infelicidade passar por aqui, 
minhas malas estarão prontas 
para eu ir por ali.


Vocação para a Felicidade, por Carlos Drumond de Andrade

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